GUARDIÃO

Estou num canto do terreiro observando os trabalhos.
Os médiuns já estão em posição, velas foram firmadas, todos já bateram cabeça. Os pontos invadem o salão.
Na assistência pessoas que frequentam a casa com assiduidade e outras que pisam pela primeira vez.
Sinto que algumas estão visivelmente emocionadas, seus protetores estão ali. Outras estão suando frio, passam mal, estão agoniadas, afoitas para sairem dali.
Espíritos trevosos estão atuando sobre elas, querem sair dali o mais breve possível, pois temem serem descobertos. Certamente serão afastados e não poderão perturbar aquelas pessoas.
O Pai de Santo vibra com intensidade, na corrente um médium balança a cabeça, parece que vai cair. Percebo que seu exu está por perto.
O médium ainda é novo, não está totalmente integrado com seu guia, mas com paciência e amor, em breve estará incorporando seu exu.
Na corrente, muitos estão incorporados.
O exu chefe, toma o Pai de Santo, com faz há décadas e brados de guerra são ouvidos.
Na medida em que os irmãos da encruza chegam, trazem forte energia para todos. Unidos numa só força, eles, através dos passes, retiram da assistência os eguns e kiumbas, limpam as pessoas estão perturbadas, e transmitem força e esperança.
As pessoas que antes choravam, agora sorriem aliviadas. Dores são aplacadas. Vejo que muitas daquelas pessoas em breve, estarão também
recebendo os seuis guias.
Embora esteja acostumado a ver essas cenas, sempre me emociono.
Daqui do meu canto, serenamente acompanho os trabalhos.
Repentinamente uma jovem da assistência, põe-se a vociferar. Sua voz antes melodiosa e serena, torn-se grave e arrogante. Ela tenta agredir os fiscais da casa, que habilmente a conduzem para dentro do terreiro.
Sem dúvida o kiumba que a acompanha é muito perigoso.
Os exus estão alertas, nem bem cruza a porteira, o kiumba grita, xinga, tenta machucar a pobre moça, diante da mãe desesperada que se encontra na assistência.
Os exus abrem a roda, os atabaques soam mais alto. O exu chefe se adianta sobre ele, forte energia circula sobre o corpo da jovem moça.
O exu não quer que ela se machuque, ele vibra sua maracá e o exu da menina pela primeira vez aproxima-se da filha com força.
Chegou minha hora, me aproximo calmamente. O kiumba evita meu olhar, se desespera.
Sorrio e caminho em sua direção, preparo minhas armas. Ele grita, esbraveja.
O exu pede meu apoio. Não me faço de rogado, para desepero do kiumba, de um salto estou com minha espada em sua garganta.
Domino-o com facilidade.
Chamo outros que o amarram e o levam para seu devido lugar. Outros kiumbas menores que o acompanhavam, também são capturados e receberão seus castigos.
A moça acorda leve e felíz. Os exus terminam o descarrego, agradecem meu auxílio.
Eu volto para o meu canto, ali na cafua observo o fim dos trabalhos.
Minhas velas, meus charutos, meu marafo estão firmados.
Os trabalhos terminam, todos se vão felizes.
E eu, na porteira, estou de sentinela…

sábado, 20 de setembro de 2014

O OBI

Obi é um elemento muito importante no culto de Orisa. A noz de cola, Obi, é o símbolo da oração no céu. É um alimento básico, e toda vez que é oferecido seu consumo é sempre precedido por preces. Foi Orunmila quem revelou como a noz de cola foi criada.Quando Olodunmare descobriu que as divindades estavam lutando umas contra as outras, antes de ficar claro que Esu era o responsável por isso, Ele decidiu convidar as quatro mais moderadas divindades (Paz, a Prosperidade, a Concórdia e Aiye, a única divindade feminina presente ), para entrarem em acordo sobre a situação ....Eles deliberaram longamente sobre o motivo de os mais jovens não mais respeitarem os mais velhos, como ordenado pelo Deus Supremo. Todos começaram então a rezar pelo retorno da unanimidade e equilíbrio, enquanto estavam rezando pela restauração da harmonia, Olodunmare abriu e fechou sua mão direita apanhando o ar .Em seguida abriu e fechou sua mão esquerda, de novo apanhando o ar. Após isso, Ele foi para fora, mantendo Suas mãos fechadas e plantou o conteúdo das duas mãos no chão,Suas mãos haviam apanhado no ar as orações e Ele as plantou. No dia seguinte, uma árvore havia crescido no lugar onde Deus havia plantado as orações que Ele apanhara no ar. Ela rapidamente cresceu, floresceu e deu frutos! Quando as frutas amadureceram para colheita, começaram a cair no solo. Aiye pegou-as e as levou para Olodunmare,e Ele disse a ela para que fosse e preparasse as frutas do jeito que mais lhe agradasse. Primeiro, ela tostou as frutas, e elas mudaram sua textura, o que as deixou com gosto ruim. No outro dia, Ela pegou mais frutas e as cozinhou, e elas mudaram de cor e não podiam ser comidas. Enquanto isso, outros foram fazendo tentativas, no entanto todas foram mal sucedidas. Foram então até Olodunmare para dizer que a missão de descobrir como preparar as nozes era impossível. Quando ninguém sabia o que fazer, Elenini, a divindade do Obstáculo, se apresentou como voluntária para guardar as frutas, Todas as frutas colhidas foram então dadas a ela, Elenini então partiu a cápsula, limpou e lavou as nozes e as guardou com as folhas para que ficassem frescas por catorze dias. Depois, ela começou a comer as nozes cruas, Ela esperou mais catorze dias e depois disso percebeu que as nozes estavam vigorosas e frescas. , Após isso, ela levou as frutas para Olodunmare e disse a todos que o produto das preces, Obi, podia ser ingerido cru sem nenhum perigo, Deus então decretou que, já que tinha sido Elenini, a mais velha divindade em Sua casa quem conseguiu decodificar o segredo do produto das orações, as nozes deveriam ser dali por diante, não somente um alimento do céu, mas também, onde fossem apresentadas, deveriam ser sempre oferecidas primeiro ao mais velho sentado no meio do grupo, e seu consumo deveria ser sempre precedido por preces. Olodunmare também proclamou que, como um símbolo da prece, a árvore somente cresceria em lugares onde as pessoas respeitassem os mais velhos. Naquela reunião do Conselho Divino, a primeira noz de cola foi partida pelo Próprio Olodunmare e tinha duas peças. Ele pegou uma e deu a outra para Elenini, a mais antiga divindade presente. A próxima noz de cola tinha três peças, as quais representavam as três divindades masculinas que disseram as orações que fizeram nascer a árvore da noz de cola. A próxima tinha quatro peças e incluía assim Aiye, a única mulher que estava presente na cerimônia. A próxima tinha cinco peças e incluiu Orisa-Nla. A próxima tinha seis peças representando a harmonia, o desejo das orações divinas. A noz de cola com seis peças foi então dividida e distribuída entre todos no Conselho. Aiye então levou a noz de cola para a Terra, onde sua presença é marcada por preces e onde ela só germina e floresce em comunidades humanas onde existe respeito pelos mais velhos, pelos ancestrais e onde a tradição é glorificada. OBÍ !!! E o fruto que em todas as circunstâncias se rende a os ORIXAS; oferenda e alimento ritual dos deuses e antepassados.com a oferenda do OBI se começa todos os rituais e cerimônias. Quando OBATALÁ o dono do obi, reuniu todos os ORIXÁS para dar a cada um o direito do obi. Esta assembleia de reparte a cada um os poderes do OBI em baixo da palmeira. OBATALÁ, pois, aos pés de cada ORIXÁ um OBI, por isso, todos os ORIXÁS tem o direito do OBI Ao redor da palmeira sagrada os ORIXAS escultaram respeitosamente as instruções de OBATALA. o único que se mostrou relutante foi OBALUAIYE, mas no entanto OBATALÁ o dominou a fim teve que acatar a vontade do chefe supremo. Desde de então não possível praticar o rito aos ORIXAS e os ANTEPASSADOS, sem antes ter concebido a oferenda do OBÍ .Assim nasce o culto e a cerimônia dos obi que também é representado como o fruto mas sagrado dentre o culto dos orixas acreditam-se que é a própria boca dos orixas e considerado como a "HÓSTIA" .

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