GUARDIÃO
Estou num canto do terreiro observando os trabalhos.
Os médiuns já estão em posição, velas foram firmadas, todos já bateram cabeça. Os pontos invadem o salão.
Na assistência pessoas que frequentam a casa com assiduidade e outras que pisam pela primeira vez.
Sinto que algumas estão visivelmente emocionadas, seus protetores estão ali. Outras estão suando frio, passam mal, estão agoniadas, afoitas para sairem dali.
Espíritos trevosos estão atuando sobre elas, querem sair dali o mais breve possível, pois temem serem descobertos. Certamente serão afastados e não poderão perturbar aquelas pessoas.
O Pai de Santo vibra com intensidade, na corrente um médium balança a cabeça, parece que vai cair. Percebo que seu exu está por perto.
O médium ainda é novo, não está totalmente integrado com seu guia, mas com paciência e amor, em breve estará incorporando seu exu.
Na corrente, muitos estão incorporados.
O exu chefe, toma o Pai de Santo, com faz há décadas e brados de guerra são ouvidos.
Na medida em que os irmãos da encruza chegam, trazem forte energia para todos. Unidos numa só força, eles, através dos passes, retiram da assistência os eguns e kiumbas, limpam as pessoas estão perturbadas, e transmitem força e esperança.
As pessoas que antes choravam, agora sorriem aliviadas. Dores são aplacadas. Vejo que muitas daquelas pessoas em breve, estarão também
recebendo os seuis guias.
Embora esteja acostumado a ver essas cenas, sempre me emociono.
Daqui do meu canto, serenamente acompanho os trabalhos.
Repentinamente uma jovem da assistência, põe-se a vociferar. Sua voz antes melodiosa e serena, torn-se grave e arrogante. Ela tenta agredir os fiscais da casa, que habilmente a conduzem para dentro do terreiro.
Sem dúvida o kiumba que a acompanha é muito perigoso.
Os exus estão alertas, nem bem cruza a porteira, o kiumba grita, xinga, tenta machucar a pobre moça, diante da mãe desesperada que se encontra na assistência.
Os exus abrem a roda, os atabaques soam mais alto. O exu chefe se adianta sobre ele, forte energia circula sobre o corpo da jovem moça.
O exu não quer que ela se machuque, ele vibra sua maracá e o exu da menina pela primeira vez aproxima-se da filha com força.
Chegou minha hora, me aproximo calmamente. O kiumba evita meu olhar, se desespera.
Sorrio e caminho em sua direção, preparo minhas armas. Ele grita, esbraveja.
O exu pede meu apoio. Não me faço de rogado, para desepero do kiumba, de um salto estou com minha espada em sua garganta.
Domino-o com facilidade.
Chamo outros que o amarram e o levam para seu devido lugar. Outros kiumbas menores que o acompanhavam, também são capturados e receberão seus castigos.
A moça acorda leve e felíz. Os exus terminam o descarrego, agradecem meu auxílio.
Eu volto para o meu canto, ali na cafua observo o fim dos trabalhos.
Minhas velas, meus charutos, meu marafo estão firmados.
Os trabalhos terminam, todos se vão felizes.
E eu, na porteira, estou de sentinela…
Os médiuns já estão em posição, velas foram firmadas, todos já bateram cabeça. Os pontos invadem o salão.
Na assistência pessoas que frequentam a casa com assiduidade e outras que pisam pela primeira vez.
Sinto que algumas estão visivelmente emocionadas, seus protetores estão ali. Outras estão suando frio, passam mal, estão agoniadas, afoitas para sairem dali.
Espíritos trevosos estão atuando sobre elas, querem sair dali o mais breve possível, pois temem serem descobertos. Certamente serão afastados e não poderão perturbar aquelas pessoas.
O Pai de Santo vibra com intensidade, na corrente um médium balança a cabeça, parece que vai cair. Percebo que seu exu está por perto.
O médium ainda é novo, não está totalmente integrado com seu guia, mas com paciência e amor, em breve estará incorporando seu exu.
Na corrente, muitos estão incorporados.
O exu chefe, toma o Pai de Santo, com faz há décadas e brados de guerra são ouvidos.
Na medida em que os irmãos da encruza chegam, trazem forte energia para todos. Unidos numa só força, eles, através dos passes, retiram da assistência os eguns e kiumbas, limpam as pessoas estão perturbadas, e transmitem força e esperança.
As pessoas que antes choravam, agora sorriem aliviadas. Dores são aplacadas. Vejo que muitas daquelas pessoas em breve, estarão também
recebendo os seuis guias.
Embora esteja acostumado a ver essas cenas, sempre me emociono.
Daqui do meu canto, serenamente acompanho os trabalhos.
Repentinamente uma jovem da assistência, põe-se a vociferar. Sua voz antes melodiosa e serena, torn-se grave e arrogante. Ela tenta agredir os fiscais da casa, que habilmente a conduzem para dentro do terreiro.
Sem dúvida o kiumba que a acompanha é muito perigoso.
Os exus estão alertas, nem bem cruza a porteira, o kiumba grita, xinga, tenta machucar a pobre moça, diante da mãe desesperada que se encontra na assistência.
Os exus abrem a roda, os atabaques soam mais alto. O exu chefe se adianta sobre ele, forte energia circula sobre o corpo da jovem moça.
O exu não quer que ela se machuque, ele vibra sua maracá e o exu da menina pela primeira vez aproxima-se da filha com força.
Chegou minha hora, me aproximo calmamente. O kiumba evita meu olhar, se desespera.
Sorrio e caminho em sua direção, preparo minhas armas. Ele grita, esbraveja.
O exu pede meu apoio. Não me faço de rogado, para desepero do kiumba, de um salto estou com minha espada em sua garganta.
Domino-o com facilidade.
Chamo outros que o amarram e o levam para seu devido lugar. Outros kiumbas menores que o acompanhavam, também são capturados e receberão seus castigos.
A moça acorda leve e felíz. Os exus terminam o descarrego, agradecem meu auxílio.
Eu volto para o meu canto, ali na cafua observo o fim dos trabalhos.
Minhas velas, meus charutos, meu marafo estão firmados.
Os trabalhos terminam, todos se vão felizes.
E eu, na porteira, estou de sentinela…
sábado, 20 de setembro de 2014
Garra de Exú (Martynia annua)
Garra de Exú
Planta que é muito conhecida nas casas de Candomblé pois é fundamental nos assentamentos do orixá Exú, e também dos chamados “catiços”, recebendo por isso os nomes de garra de exú, garra do diabo e unha de pomba-gira. Nesse caso, a parte utilizada é a semente que possui um aspecto bem interessante, realmente lembrando garras afiadas. Suas sementes (ou favas) são utilizadas principalmente para dar força ao assentamento e garantir a proteção desejada. Não podemos esquecer que tudo que é pontiagudo e cortante pertence a Exú.
Embora a maioria dos adeptos do Candomblé utilize principalmente as sementes, suas folhas também possuem grande importância dentro do culto. São conhecidas como ewé àránbolè e podem ser empregadas no tratamento de processos convulsivos (oògùn gìrì), como a epilepsia.
Ewé àránbolè (Martynia annua)
Seu nome científico é Martynia annua e, segundo alguns estudos científicos, é fonte de extração de diversas substâncias como o ácido hidróxi-benzóico, ácido palmítico, ácido linólico e ácido oléico. O seu fruto teria propriedades anti-inflamatória e analgésica, suas raízes utilizadas no tratamento de picada de cobra e a planta toda teria ação anticonvulsivante.
O AKÓKO
O Akòko é uma das minhas folhas preferidas, sendo que costuma ser associada sempre a prosperidade, tanto de dinheiro (owo) como de filhos (omo). Essa árvore não é uma espécie nativa do Brasil, sendo introduzida aqui pelos africanos, onde se adaptou perfeitamente. Entre os iorubas, é considerada um sinal de prosperidade, pois seus troncos eram muito empregados nas feiras, locais onde o comércio era intenso. Era comum que, após serem utilizadas como estacas seus troncos brotassem, gerando novas árvores. Dentro das casas de Candomblé Ketu costuma estar associada principalmente a Ogun e Ossayin, embora na verdade costume ser empregada para todos os orixás. Já no culto Egúngun, o akòko desempenha um papel fundamental na união dos seres do Ayé (mundo dos vivos) e Orun (mundo dos espíritos). Seu tronco, que geralmente não é muito ramificado, lembra um grande opó ixé, que ligaria o Céu a Terra. Nesse caso, sua principal relação se dá com a iyagbá Oyá, Senhora dos Ventos e dos eguns, que recebe o título de Alakòko, Senhora do Akòko. Constatamos assim dois aspectos importantes dessa árvore: sua ligação com a ancestralidade e com o elemento ar. Entre os Jeje, recebe o nome de Ahoho (pelos Mahí) e Hunmatin (pelos Mina). O ahoho é um huntingomé/jassú (árvore sagrada) consagrado ao vodún Gun (Togbo) que costuma tê-la como seu principal atín sa. Segundo a tradição Mahí os galhos do Ahoho devem ser levados junto ao corpo, em viagens longas, ou que ofereçam algum tipo de risco. Durante a execução de obrigações difíceis também. Essa medida teria como finalidade atrair a proteção de Togbô, que é um guerreiro terrível e que sempre luta pelos seus filhos. Dizem os antigos que esse ewé está ligado ao final do ciclo da iniciação, quando uma nova etapa na vida do iniciado começará. Por isso é uma folha muito empregada durante cerimônias de festejo dos sete anos (Odu Ige) de iniciado, principalmente quando ocorre entrega de oye (cargo). Segundo alguns, nenhum rei é considerado rei se não tiver levado no seu orí a folha do akòko. Quem quiser plantar o akóko não precisa de muito espaço, pois o seu tronco não é muito grosso, porém o seu porte é majestoso, fica bem alta. Suas flores também são bem bonitas, lembram bastante a de um ipê rosa, pois pertence a mesma família botânica (Bignoniaceae). Só cuidado, pois eu já vi gente vendendo akosí (Polyscias guilfoylei) como se fosse akòko. Salve o novo Rei! Árvore forte e imponente, esse é o akoko
TENTO DE EXU
Jequiriti, olho-de-pombo, tento-miúdo, olho de saci, olho- de-exú.
Trepadeira nativa da Mata Atlântica e de Florestas do Caribe, essa folha possui imenso prestígio entre os adeptos do Candomblé, pois é uma das principais folhas de Esú e Osaiyn. Algumas pessoas costumam brincar que enquanto Ogún se veste com o mariwo, Ossaiyn se veste com o owérenjèjé. Outro nome que recebe é Ewé Àse (folha do poder), denotando assim sua grande força e motivo pelo qual merece destaque. Embora seja considerada a primeira folha do orò, durante o ritual da Asà Òsányìn é a folha que deixamos para cantar por último, momento em que, logo após, se canta para Esú Odara. O tento miúdo guarda muitos mistérios consigo pois, ao mesmo tempo que permite que o Esú individual (Bara) dê caminhos aos homens também pode trazer muita confusão e discórdia, quando empregada de forma incorreta.
É muito usado dentro da Santeria na forma de Omí eró, os negros cabinda a chamam pelo nome de Nfingu e utilizam suas folhas para acalmar a tosse, maceradas com vinho de palma ou simplesmente mastigando-as. Entretanto, o jequiriti é extremamente tóxico, uma vez que de suas sementes é extraída uma grande quantidade de proteínas venenosas, entre elas a abrina, que possui ação parecida com o veneno da víbora. Por isso está incluída entre as plantas mais venenosas do mundo. Suas propriedades toxicológicas e fisiológicas são capazes de aglutinar hemácias impedindo assim a circulação do sangue, sendo altamente letais em pequenas quantidades. Essa planta ficou muito conhecida no filme “A Lagoa Azul”, pois teria sido a “planta proibida” que após ser ingerida pelo casal de amantes levou os mesmos a morte.
Na fitoterapia, suas folhas costumam ser aplicadas em solução sobre a pele, em caso de eczemas cutâneos e para tratar conjuntivite (1 mL de líquido da semente em 100 mL de água). As sementes servem como contraceptivo oral, misturadas com outros ingredientes. É importante observar que a ingestão de suas sementes cruas pode causar dor abdominal, náusea, vômito, diarréia, calafrios, vertigem, desmaios e sangramento retal. Alguns estudos revelaram que a abrina quando aplicada na forma de injeção subcutânea pode causar convulsão e morte devido à paralisia cardíaca. Por isso devemos ter muito cuidado com a utilização desse poderoso ewe, que é extremamente quente (gún).
OFERENDAS A TRANCA RUAS
As oferendas para Exú, tradicionalmente são entregues em encruzilhadas abertas, mas o ideal é que essas encruzilhadas sejam de chão batido, sem asfalto e longe de prostíbulos, açougues, manicômios, hospitais, boates, bares, cemitérios, delegacias e presídios, entre outros. Devido às dificuldades para encontrar encruzilhadas adequadas, têm-se preferido realizar as entregas em sítios (locais) puros da natureza.
OFERENDA
ELEMENTOS:
1 alguidar número 2
500g de farinha de mandioca branca
1 vidro pequeno de azeite de dendê
7 pimentas (dedo de moça natura)
1 cebola cortada em rodelas não muito finas
1 bife
1 garrafa de aguardente (É A QUE POPULARMENTE USA-SE, MAS PODE SER
SUBSTITUÍDA POR VINHOS, WHISKY, VODKA, CONHAQUE, SE A ENTIDADE PEDIR UMA BEBIDA ESPECÍFICA, A MESMA DEVE SER SEGUIDA. SE A OFERENDA É UMA INICIATIVA PRÓPRIA, FICA À CRITÉRIO.
A BEBIDA NÃO É PARA A ENTIDADE FICAR BÊBADA, O ALCOOL TEM SUA FUNÇÃO MAGÍSTICA DE TRANSMUTAÇÃO E ELIMINAÇÃO DE ENERGIAS
1 charutos
7 velas (metade preta , metade vermelha)
3 folhas de mamona ( se for possível conseguir, melhor)
PREPARO
Lavar o alguidar e forrar com as folhas de mamona, colocar a farinha, misturada com um pouco de aguardente e um pouco do dendê, fazendo uma farofa, não muito úmida, apenas para dar liga.
Deixar lisa e compacta no alguidar .
Passar o bife no dendê e colocar por cima, cobrindo com as rodelas
De cebola.
ENTREGA
Exú é o Senhor das Encruzilhadas, como o Orixá ogum é o Senhor de todos os Caminhos.
No local da entrega, antes de começar peça licença e não esqueça de saldar o Orixá Ogum. Em seguida, acenda 1 vela vermelha e preta para o Exú Guardião do local, pedindo: licença e permissão para a realização da entrega.
Em seguida:
Coloque o alguidar no chaõ, Acenda as velas e vai firmando o pensamento e fazendo seus pedidos chamando pelo seu Tranca Ruas,Abra a aguardente, primeiro derrame um pouco em volta da primeira vela acesa, que é a do Exú Guardião do local. Em seguida, derrame um pouco em volta do alguidar e deixe o restante dentro da garrafa aberta, ao lado da oferenda, por último acenda charuto e coloque por cima do alguidar deixando a brasa apontada pelo lado de fora do alguidar, acenda as velas com pensamento bem firme no que esta precisando
OS FATORES QUE MOTIVARAM A OFERENDA
Oferendas podem ser realizadas por diversos motivos: *abertura de caminhos profissionais, *abertura de caminhos para o amor ,Saúde, limpeza espiritual, fortalecimento espiritual e energético, etc...
Ou podem ser feitas por agradecimento por graças recebidas ou para uma conexão com os Orixás, fortalecendo o elo vibratório da energia do Orixá com a pessoa.O fato é que as oferendas sempre são para o nosso benefício.
Mas nos casos de oferendas aos Exús, elas servem não par a entidade se fartar de comer e beber, e sim para que a entidade, através da contra-parte etérica (energética) dos elementos ofertados, possa manipulá-los magisticamente em benefício de um determinado objetivo nosso.
O BORI
O PODER DO BORI
O Bori Da fusão da palavra Bó, que em Ioruba significa oferenda, com Ori, que quer dizer cabeça, surge o termo Bori, que literalmente traduzido significa “ Oferenda à Cabeça”.
Do ponto de vista da interpretação do ritual, pode-se afirmar que o Bori é uma iniciação à religião, na realidade, a grande iniciação, sem a qual nenhum noviço pode passar pelos rituais de raspagem, ou seja, pela iniciação ao sacerdócio.
Sendo assim, quem deu Bori é (Iésè órìsà). Cada pessoa, antes de nascer escolhe o seu Ori, o seu princípio individual, a sua cabeça. Ele revela que cada ser humano é único, tendo escolhido as suas próprias potencialidades. Odú é o caminho pelo qual se chega à plena realização de Orí, portanto não se pode cobiçar as conquistas dos outros.
Cada um, como ensina Orunmilá – Ifá, deve ser grande no seu próprio caminho, pois, embora se escolha o Orí antes de nascer na Terra, os caminhos vão sendo traçados ao longo da vida. Exú, por exemplo, mostra-nos a encruzilhada, ou seja, revela que temos vários caminhos a escolher.
Ponderar e escolher a trajetória mais adequada é a tarefa que cabe a cada Orí, por isso, o equilíbrio e a clareza são fundamentais na hora da decisão e é por intermédio do Bori que tudo é adquirido. Os mais antigos souberam que Ajalá é o Orixá funfun responsável pela criação de Orí.
Desta forma, ensinaram-nos que Oxalá deve ser sempre invocado na cerimónia de Bori. Iemanjá é a mãe da individualidade, e por essa razão está diretamente relacionada com Orí, sendo imprescindível a sua participação no ritual. A própria cabeça é a síntese dos caminhos entrecruzados. A individualidade e a iniciação (que são únicas e acabam, muitas vezes, configurando- se como sinónimos) começam no Orí, que ao mesmo tempo aponta para as quatro direções.
OJUORI – A TESTA ICOCO ORI – A NUCA ,OPA OTUM – O LADO DIREITO OPA OSSI – O LADO ESQUERDO Desta mesma forma, a Terra também é dividida em quatro pontos: norte, sul, este e oeste; o centro é a referencia, logo, todas as pessoas se devem colocar como o centro do mundo, tendo à sua volta os quatro pontos cardeais: os caminhos a escolher e a seguir.
A cabeça é uma síntese do mundo, com todas as possibilidades e contradições. Em África, Orí é considerado um Deus, aliás, o primeiro que deve ser cultuado, mas é também, juntamente com o sopro da vida (emi) e o organismo (ese), um conceito fundamental para compreender os rituais relacionados com a vida, como o Axexê (asesé).
Nota-se a importância destes elementos, sobretudo o Orí, pelos Orikis com que são invocados. O Bori prepara a cabeça para que o Orixá se possa manifestar plenamente. Entre as oferendas que são feitas ao Orí algumas merecem menção especial. É o caso da galinha de Angola, chamada Etun ou Konkém no Candomblé; ela é o maior símbolo de individualizaçã o e representa a própria iniciação.
A Etun é adoxu (adosú), ou seja, é feita nos mistérios do Orixá. Ela já nasce com Exú, por isso se relaciona com o começo e com o fim, com a vida e a morte, por isso está no Bori e no Axexê. O peixe representa as potencialidades, pois a imensidão do oceano é a sua casa e a liberdade o seu próprio caminho.
As comidas brancas, principalmente os grãos, evocam fertilidade e fartura. Flores, que aguardam a germinação, e frutas, os produtos da flor germinada, simbolizam a fartura e a riqueza. O pombo branco é o maior símbolo do poder criador, portanto não pode faltar. A noz cola, isto é, o obi é sempre o primeiro alimento oferecido a Ori; é a boa semente que se planta e se espera que dê bons frutos. Todos os elementos que constituem a oferenda à cabeça exprimem desejos comuns a todas as pessoas: paz, tranquilidade, saúde, prosperidade, riqueza, boa sorte, amor, longevidade, mas cabe ao Orí de cada um eleger as prioridades e, uma vez cultuado como deve ser, proporciona- as aos seus filhos.
O ACAÇÁ
O ACAÇÁ:
As definições mais elementares do acaçá, dizem que se trata de uma pasta de milho branco ralado ou moído, envolvida ainda quente, em folha de bananeira. A definição é correta, mas extremamente superficial, já que o acaçá é de longe a comida MAIS IMPORTANTE do candomblé. Seu preparo e forma de utilização nos rituais de oferendas envolvem preceitos e bem rígidos, que nunca podem deixar de ser observados. Todos os Orixás, de Exú à Oxalá, recebem acaçá.Todas as cerimonias, do ebó mais simples aos sacrifícios de animais, levam acaçá. Em rituais de iniciação, de passagem, em tudo mais que ocorra em uma casa de candomblé... Só acontece com a presença de acaçá. A pasta branca à base de milho branco, chama-se ECO (èko), depois de envolvida na folha de bananeira, aí sim, será acaçá. O acaçá, é um corpo, símbolo de um ser. A única oferenda que restitui e redistribui o axé. O acaçá remete ao maior significado que a vida pode ter: a própria vida; e por ser o grande elemento apaziguador, que arranca a morte, a doença, a pobreza e outras mazelas do seio da vida, tornou-se comida e predileção de todos os Orixás.
Nem todas as palavras do mundo são suficientes para decifrar o valor de um acaçá. Basta admitir que os segredos estão nas coisas mais simples para ver que muitos julgaram insignificantes, a comida mais importante numa casa de santo, banalizando o sagrado e privilegiando a intuição em detrimento do fundamento. Fato é que quem não faz um bom acaçá, não pode ser considerado um bom conhecedor de candomblé; pois, as regras e diretrizes da religião dos Orixás nunca foram ditadas pela intuição. Constituem grandes fundamentos "cristalizados" ao longo de anos e anos de tradição. Aos incautos vale afirmar que candomblé não é intuição, mas, fundamento sim, e fundamento se aprende. Fundamento é o segredo compartilhado, o mistério sagrado, o detalhe que faz a diferença e a prova de que ninguém pode enganar o Orixá. Aqui o grande fundamento é que o sangue dos animais jamais pode jorrar sobre os ibás sem a presença do elemento pacificador, pois, o acaçá simboliza a paz. Quando ofertado e retirado do seu invólucro verde, tornando-se a comida de Oxalá que agrada a todos os orixás, a primeira oferenda que deve ser colocada diretamente no assentamento, juntamente com o obi e a água, antes de qualquer sacrifício. O acaçá deve permanecer fechado,imaculado até o momento de ser entregue ao Orixá, só então é retirado da folha. É como se o sagrado tivesse que ficar oculto até a hora da oferenda, prova de que o segredo é quase sempre um elemento consagrado. E o segredo do acaçá é enrolar o ekó na folha de bananeira, é o que mantem uma casa de santo de pé.
O PANO DA COSTA
Também conhecido como alaká, pano-de-alaká ou pano-de-cuia, o pano-da-costa é de origem africana e compõe a indumentária da roupa de baiana.
O pano da costa é parte integrante da indumentária de baiana característica das ruas de Salvador e do Rio de Janeiro no século XIX. Usado sobre os ombros, o pano da costa teria, como principal função, de acordo com o pesquisador Raul Lody (2003), distinguir o posicionamento feminino nas comunidades afro-brasileiras. Geralmente retangular, o pano da costa é tradicionalmente branco ou bicolor (listrado ou em xadrez madras) podendo ser bordado ou com aplicações em rendas. O nome pode ter derivado de sua origem (a Costa do Marfim, na África) ou do fato de ele ser usado preferencialmente jogado sobre os ombros e costas. As fantasias da ala de baianas das escolas de samba frequentemente exibem panos da costa. Muitas vezes esses elementos são transfigurados para se adaptarem aos temas da roupa.
No Candomblé
Presença e distintivo do posicionamento feminino nas comunidades religiosas afro-brasileiras, o pano-da-costa, não é apenas um complemento da indumentária da mulher; é a marca do sentido religioso nas ações da mulher como iniciada ou dirigente dos terreiros, aqui no Brasil, claro. Observemos a profunda conotação sócia religiosa desse simples pedaço de tecido, que atua em tão diversificadas situações, desempenhando papéis dos mais significativos e necessários para a sobrevivência dos rituais africanos. O pano-da-costa é assim chamado por ter sido um tipo de tecido vindo da costa dos escravos, Costa Mina, Costa do Ouro. O tecido original foi substituído por outros tipos de tecidos, o que não diminui em nada as funções do pano-da-costa.
O pano-da-costa identifica a mulher feita, iniciada, aqui no Brasil, mesmo que ela não esteja de roupa de santo completa. Mas na realidade, esse pano, protege as costas das mulheres, e servem de “CARREGA BEBÊ”. Nada mais que isso.
A situação do pano-da-costa é de maior importância, se colocarmos a presença da mulher como símbolo do poder sócio-religioso e arquétipo dos valores mágicos da fertilidade, isso motivado pelas formas anatômicas características da mulher. O sentido protetor do pano-da-costa é outro aspecto que merece atenção.
As Yawos, ao terminar o período de feitura começam a travar seus primeiros contatos com o mundo exterior protegidas pelo pano-da-costa branco, que representa o prolongamento do Ala de Oxalá, envolvendo praticamente todo o seu corpo no grande pano-da-costa, procura manter os valores religiosos de sua feitura quando em contato com os valores profanos encontrados extramuros dos terreiros.
Nos sirruns/axexes, a mesma proteção do pano-da-costa, ateado como capa envolvente mágica, aparece guardando as mulheres das presenças de egum.
O PANO-DA-COSTA é de uso exclusivo da mulher nos cultos africanos, porque uma das principais funções do mesmo é proteger os órgãos reprodutores das mulheres, das Yamis.
Listrado, liso, estampado ou bordado em richelieu ou renda, é por meio dele que a mulher demonstra sua posição hierárquica na organização sócio-religiosa dos terreiros.
Em Salvador/BA, mais precisamente no Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, a tecelagem tradicional do pano-da-costa está ligada ao uso e ao simbolismo sócio-religioso do tecido na composição das roupas rituais do candomblé. Nos rituais de sirrum/axexe as mulheres usam dois panos-da-costa branco: um protegendo seus ventres e outro sobre os ombros como uma capa que envolve todo o seu colo e seios.
O PANO-DA-COSTA deve ter no mínimo 60 cm de largura para que possa proteger os órgãos que necessitam de proteção. As famosas mães de santo não usam o pano-da-costa na cintura nunca
No Rio de Janeiro e outros estados, onde a chamada “evolução” está destruindo e recriando situações a bel prazer, convencionou-se que o pano-da-costa deve ser usado de acordo com a idade de santo, isto é, só usa preso acima dos seios aquelas que ainda são yawos. Está errado, pano-da-costa é para ser usado dessa forma mesmo independente da idade de feitura, quando muito, pode-se enrolar até abaixo dos seios.
DE ALGUNS ANOS PARA CÁ OS HOMENS ADERIRAM O PANO-DA-COSTA, MAS NENHUM DELES ATÉ AGORA EXPLICOU O PORQUÊ DE USÁ-LO E NEM PODEM EXPLICAR, POIS O MESMO É DE USO EXCLUSIVAMENTE FEMININO.
E PIOR AINDA, O USAM NA CINTURA. PARA PROTEGER O QUE?
Observem que as Orisa mulheres (Yiabas) usam o pano-da-costa, os Orisa homens (Aboròs) usam o pano-da-costa amarrados no ombro lembrando um ALAKA (esse sim pertence ao homem) ou amarrado para trás, ou simplesmente ficam com o peito nu adornados pelas contas e brajas. Em algumas casas encontramos abians usando pano da costa, esse procedimento está errado. Os abians ainda não tiveram seus pontos de energias abertos durante uma feitura, portanto as mesmas não necessitam dessa proteção ainda.
No caso das Egbómis, o pano da Costa deve ser colocado na cintura elegantemente ou sobre o peito, jamais deve ser enrolado ou torcido, feito uma faixa ou Ojá, na cintura. Uma iniciada deve saber usar o pano da Costa, pois este é uma peça do vestuário muito importante. Outro fato relevante é quanto à estampa e cor do tecido. São adequadas as estampas em listras e quadros que lembram as formas presentes na indumentária nigeriana. Quando feitos de tecido liso, devem ser de cores claras: branca, bege, rosa ou azul claro. Nunca devem ser de cores quentes, berrantes, de seda ou estampados vivos, o que causaria “risos” entre as iniciadas mais antigas. Pano da Costa na cintura ou no peito é demonstração de trabalho, assim usados no barracão, quando em função religiosa. Caso contrário, no dia-a-dia do terreiro pode ser “jogado” sobre o ombro direito e se mantém esticado ao longo do tronco. Não se “dança” sem esta peça da indumentária.
Mesmo fora do trabalho, para visita ou passeio o seu uso é indispensável. Em casas tradicionais, quando uma iniciada chega sem o pano da Costa é comum a proprietária do terreiro emprestar um à visitante, que, em sinal de educação ou respeito, coloca-o sobre o ombro direito ou, se entrar na roda, usa-o de maneira adequada à sua posição dentro da hierarquia do Candomblé; O pano da Costa é a peça de maior significado histórico dentro do vestuário africano, em conjunto com o torso. O uso de saia, Camisu ou bata e pano da Costa são indispensáveis dentro do Axé… A maneira de amarrar, colocar ou “enrolar” o pano varia de acordo com a situação, o ritual desenvolvido ou a posição hierárquica;
Iyáwô não usa o pano na cintura, mas sim enrolado no peito.
O DENDÉ
DENDE
O Dendezeiro (Elaeis guineensis), também conhecido como palmeira-de-óleo-africana, aabora1 aavora, palma-de-guiné,palma, dendém (em Angola), palmeira-dendém ou coqueiro-de-dendê, é uma palmeira originária da Costa Ocidental da África(Golfo da Guiné). Seu fruto é conhecido como dendê, e seu óleo como azeite de dendê ou óleo de palma.
O dendezeiro é encontrado em povoamentos sub-espontâneos desde o Senegal até Angola, foi levado ao Brasil no século XVII, e adaptou-se bem ao clima tropical úmido do litoral baiano.
Dela extrai-se o azeite-de-dendê.
A palmeira chega a 15m de altura. Seus frutos são de cor alaranjada, e a semente ocupa totalmente o fruto. Seu rendimento é muito grande, produz 10 vezes mais óleo que a soja, 4 vezes mais que o amendoim e 2 vezes mais que o coco.
Da amêndoa do fruto se extrai também um óleo usado em cosmética e na fabricação de chocolate.
A região Sudeste da Bahia possui uma diversidade edafo-climática excepcional para o cultivo do dendezeiro, com uma disponibilidade de área da ordem de 752.625 hectares, aliada à existência do país de uma demanda insatisfeita da ordem de 500 000 toneladas deóleo de dendê; de importações que se situam entre 100 e 150 mil toneladas, além do aspecto ambiental-ecológico possibilitando a recomposição de espaço florestal em processo adiantado de degradação, por "florestas de cultivo"; econômico-social, proporcionando aumento da renda regional e criação de novos empregos, além de funcionar como vetor de sustentação da própria cacauicultura e finalmente estratégico, buscando através da agricultura integrada, o caminho de desenvolvimento harmonizando os recursos da terra com os valores humanos.
No Candomblé a palmeira de dendê é uma árvore Sagrada, seu óleo é muito utilizado nas Comidas de Orixás e o coquinho é usado em um dos Oráculos de Ifá.
Rrepresenta a SABEDORIA ANCESTRAL trazida pelos negros da África. Representa FORÇA, ENERGIA , VIDA , SABOR e FEITIÇO. O azeite dendê tem a característica de “erva quente”, ou seja, tem energia agressiva , ativa e quando aquecido torna-se mais agitado, portanto precisa ser usado com critério.
O OROGBÔ
OROGBÔ
Orogbô ou orobô, nome científico Garcinia kola Heckel, é o nome de um fruto sagrado de origem africana, muito utilizado nos rituais do candomblé. Pertence a família da Garcinia. É utilizado pela medicina tradicional africana, tendo indícios de ação anti-inflamatória e antiviral e algum efeito no tratamento do Ebola.
Um fruto muito utilizado no Candomblé assim como o obi. Importantíssimo e imprescindível em Assentamentos, Boris, Feituras e demais atos do Axé Orixá. Pertence a família das Garcínias e seu nome científico é Garcinia Kola Heckel, dentro da nação Angola também é conhecido como “falso nós de cola”.
Assim como o obi, os fundamentos de Orixá estão incompletos sem ele, aliás, não fazemos um Yawô sem esse fruto. Originário da África, também é encontrado na Polinésia, Ásia e Austrália.
Ao fazermos o abô (que é um banho de purificação com ervas frescas do Orixá de cabeça do iniciante e não aquele banho podre que se aplica em muito Terreiros), essa fruta é um dos itens ritualísticos. Ao mastigarmos, seu gosto desagrada ao paladar, pois incomoda um pouco, porém, é de imensa utilidade nos preceitos religiosos e serve também para “fechar o corpo” em nosso dia a dia. Também sendo utilizado como banho em determinados momentos de nossa vida quando indicado.
O OBI
Obi é um elemento muito importante no culto de Orisa. A noz de cola, Obi, é o símbolo da oração no céu. É um alimento básico, e toda vez que é oferecido seu consumo é sempre precedido por preces. Foi Orunmila quem revelou como a noz de cola foi criada.Quando Olodunmare descobriu que as divindades estavam lutando umas contra as outras, antes de ficar claro que Esu era o responsável por isso, Ele decidiu convidar as quatro mais moderadas divindades (Paz, a Prosperidade, a Concórdia e Aiye, a única divindade feminina presente ), para entrarem em acordo sobre a situação ....Eles deliberaram longamente sobre o motivo de os mais jovens não mais respeitarem os mais velhos, como ordenado pelo Deus Supremo.
Todos começaram então a rezar pelo retorno da unanimidade e equilíbrio, enquanto estavam rezando pela restauração da harmonia, Olodunmare abriu e fechou sua mão direita apanhando o ar .Em seguida abriu e fechou sua mão esquerda, de novo apanhando o ar. Após isso, Ele foi para fora, mantendo Suas mãos fechadas e plantou o conteúdo das duas mãos no chão,Suas mãos haviam apanhado no ar as orações e Ele as plantou. No dia seguinte, uma árvore havia crescido no lugar onde Deus havia plantado as orações que Ele apanhara no ar.
Ela rapidamente cresceu, floresceu e deu frutos! Quando as frutas amadureceram para colheita, começaram a cair no solo. Aiye pegou-as e as levou para Olodunmare,e Ele disse a ela para que fosse e preparasse as frutas do jeito que mais lhe agradasse. Primeiro, ela tostou as frutas, e elas mudaram sua textura, o que as deixou com gosto ruim. No outro dia, Ela pegou mais frutas e as cozinhou, e elas mudaram de cor e não podiam ser comidas. Enquanto isso, outros foram fazendo tentativas, no entanto todas foram mal sucedidas.
Foram então até Olodunmare para dizer que a missão de descobrir como preparar as nozes era impossível. Quando ninguém sabia o que fazer, Elenini, a divindade do Obstáculo, se apresentou como voluntária para guardar as frutas, Todas as frutas colhidas foram então dadas a ela, Elenini então partiu a cápsula, limpou e lavou as nozes e as guardou com as folhas para que ficassem frescas por catorze dias. Depois, ela começou a comer as nozes cruas, Ela esperou mais catorze dias e depois disso percebeu que as nozes estavam vigorosas e frescas. ,
Após isso, ela levou as frutas para Olodunmare e disse a todos que o produto das preces, Obi, podia ser ingerido cru sem nenhum perigo, Deus então decretou que, já que tinha sido Elenini, a mais velha divindade em Sua casa quem conseguiu decodificar o segredo do produto das orações, as nozes deveriam ser dali por diante, não somente um alimento do céu, mas também, onde fossem apresentadas, deveriam ser sempre oferecidas primeiro ao mais velho sentado no meio do grupo, e seu consumo deveria ser sempre precedido por preces.
Olodunmare também proclamou que, como um símbolo da prece, a árvore somente cresceria em lugares onde as pessoas respeitassem os mais velhos. Naquela reunião do Conselho Divino, a primeira noz de cola foi partida pelo Próprio Olodunmare e tinha duas peças. Ele pegou uma e deu a outra para Elenini, a mais antiga divindade presente.
A próxima noz de cola tinha três peças, as quais representavam as três divindades masculinas que disseram as orações que fizeram nascer a árvore da noz de cola.
A próxima tinha quatro peças e incluía assim Aiye, a única mulher que estava presente na cerimônia.
A próxima tinha cinco peças e incluiu Orisa-Nla.
A próxima tinha seis peças representando a harmonia, o desejo das orações divinas.
A noz de cola com seis peças foi então dividida e distribuída entre todos no Conselho.
Aiye então levou a noz de cola para a Terra, onde sua presença é marcada por preces e onde ela só germina e floresce em comunidades humanas onde existe respeito pelos mais velhos, pelos ancestrais e onde a tradição é glorificada. OBÍ !!!
E o fruto que em todas as circunstâncias se rende a os ORIXAS; oferenda e alimento ritual dos deuses e antepassados.com a oferenda do OBI se começa todos os rituais e cerimônias.
Quando OBATALÁ o dono do obi, reuniu todos os ORIXÁS para dar a cada um o direito do obi. Esta assembleia de reparte a cada um os poderes do OBI em baixo da palmeira. OBATALÁ, pois, aos pés de cada ORIXÁ um OBI, por isso, todos os ORIXÁS tem o direito do OBI
Ao redor da palmeira sagrada os ORIXAS escultaram respeitosamente as instruções de OBATALA. o único que se mostrou relutante foi OBALUAIYE, mas no entanto OBATALÁ o dominou a fim teve que acatar a vontade do chefe supremo. Desde de então não possível praticar o rito aos ORIXAS e os ANTEPASSADOS, sem antes ter concebido a oferenda do OBÍ .Assim nasce o culto e a cerimônia dos obi que também é representado como o fruto mas sagrado dentre o culto dos orixas acreditam-se que é a própria boca dos orixas e considerado como a "HÓSTIA" .
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
MALANDRO MIGUEL CAMISA PRETA
Historia da vida, morte e reencarnação do Malandro Miguel
(ou Miguelzinho) Camisa Preta, acompanhado de uma Oração e Música em sua
homenagem.
Miguel Camisa Preta é uma entidade nova da linha dos
malandros. Em vida, era um boêmio das noites cariocas e um amante da escola de
samba Portela que não dispensava nenhuma "preta", como ele próprio
dizia.
Grande parte de sua vida se passou em Madureira. Esteve
muitas vezes em rodas de samba de raiz do Cacique de Ramos; mais um lugar
preferido para as noites de carteado, fora a favela do jacaré.
Na Lapa, foi dono das mais belas prostitutas. Uma delas,
aliás, chamada de Mary do Miguelzinho, com a qual ninguém mexia ou
desrespeitava. Mas, longe de ser violento, era respeitado por todos os
malandros e freqüentadores da Lapa por seu elevadíssimo carisma e cuidado com
as suas prostitutas. Era ainda famoso por suas pernadas capoeiristas sempre bem
certeiras e pelas músicas seresteiras que aludiam à sua paixão pela loura
francesa, uma prostituta que trabalhava nos bares da Lapa para Madame Satã.
Frequentava as sinucas da Lapa, em especial o Bar Ponto
Azul, tomando café-com-leite com calma antes de fechar o jogo, da bola vermelha
à preta. Gostava também de comer um
feijão pingado com corvina frita.
Camisa Preta viveu até seus 44 anos, teve um filho e também
uma esposa, além de várias amantes. Era muito requisitado para resolver
problemas nas comunidades que freqüentava, o que o tornou amigo de muitos e
também cobiçou a inveja em outros.
Em uma sexta-feira de movimento na favela do Jacaré, ele
bebia cerveja e jogava cartas em um bar dos becos da favela quando quatro
homens o assassinaram pelas costas. Feita a sua passagem espiritual e não tendo
se conformado com sua morte, ele passou então a ser uma entidade, passando a
linha de malandros. Inconformado com a sua morte, vingou-se das pessoas que o
traíram e matou cada um deles. Ele viveu até os anos oitenta aproximadamente.
Hoje sua missão é ajudar pessoas que se envolvem no tráfico
ou que têm problemas com vícios de drogas e bebidas, a fim de cada dia evoluir
seu espiríto.
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